O primeiro contato de Jane com o mundo da beleza aconteceu aos 16 anos. Mas não pense que foi com um nécessaire recheado de produtos. Moradora da comunidade do Fubá, na zona norte do Rio de Janeiro, foi durante o primeiro emprego que passou a entender melhor como funcionava o uso dos cosméticos. “Trabalhei como vendedora em uma perfumaria. Nem sabia que o condicionador se usava depois do xampu. Antes, lavava o cabelo com sabão de coco. Aprendi com os treinamentos”, diz.
Dentro dessa loja, existia um salão de beleza que fez os olhos de Jane brilharem. Incentivada por essa experiência, sua aventura no mpreendedorismo começou cedo. Ela e o namorado, Marko Porto — hoje marido e sócio —, fizeram um curso de cabeleireiro e, com apenas 19 anos e um investimento de 8 mil reais, Jane abriu seu primeiro salão. “Percebi que aquele era o trabalho certo para mim quando, depois de um ano, tinha o mesmo entusiasmo do começo”, diz.
O estabelecimento evoluiu e parecia estar pronto para a expansão, mas não estava. Depois de darem um passo maior que a perna, veio o primeiro baque: “Recebemos uma proposta irrecusável para montar um segundo salão. Mas acabamos fe-chando por causa das dívidas. Não deu certo dividir estoque de produtos, os clientes começaram a ficar insatisfeitos…”, conta.
Mas Jane não se deu por vencida. “Liguei para todo mundo e avisei que ia começar de novo e que pagaria como pudesse. A grande lição que tirei disso é que a sinceridade ajuda nessas ocasiões”, diz. Sem telefone, ela pegou alguns panfletos e ficou na porta convidando as pessoas a entrar. A estratégia funcionou, e em poucos meses ela já tinha conquistado uma clientela fiel.
A agenda estava cheia e o negócio indo muito bem, obrigada, mas Jane queria realizar outro sonho: ter filhos. E para isso precisava de mais tempo livre. Como o salão já dava um atendimento especial às clientes que queriam tratar as sobrancelhas, a empresária e o marido perceberam então que a grande busca pelo serviço poderia trazer frutos.
Ao analisar as contas e notar que o procedimento dava mais lucro do que imaginava, Jane teve uma brilhante ideia: criar um estabelecimento dedicado a valorizar o olhar. E assim vendeu seu salão e criou o Spa das Sobrancelhas. Em vez de uma grande locação, ela e o marido se mudaram para duas salas comerciais. “Por quase um ano eu mantive o salão de beleza e o Spa”, diz. Ela também cortou custos: de uma equipe de seis pessoas, Jane passou a ter apenas uma secretária. De 7 mil reais em aluguel, o gasto passou a ser de 800 reais.
O serviço oferecido para sobrancelhas é completo: design, preenchimento, coloração, entre outros. Como o negócio cresceu sob o poder de seus olhos, não foi fácil passar o comando para outras pessoas. Mas a marca estava se expandindo, e mais pessoas queriam o serviço. “Sigo um mantra que diz: viu a necessidade, atenda. Depois de um ano, surgiu a nossa primeira filial”, diz. Desta vez, Jane e o marido pediram a ajuda do Sebrae para fazer essa transição e negociar a sucursal.
A gravidez de Jane acabou vindo; já a tal da agenda livre não. Hoje ela é dona do Grupo Beauty, uma junção de sete marcas, que engloba desde a logística até o treinamento dos franqueados — curso criado por ela. Em seis anos, o negócio cresceu tanto que está em quase todos os estados do Brasil e a caminho de chegar aos Estados Unidos.
São 400 unidades no total. Hoje em dia, ela é diretora técnica e comanda os bastidores do negócio. “Meu ritmo só aumentou. Antes eu tinha 30 clientes por dia; hoje lido com a responsabilidade de liderar 3 mil profissionais e franqueados”, diz. No fim faz contas, ela não se importa com a correria e continua tocando seu negócio — sem perder o brilho do olhar.
Fonte:http://cosmopolitan.abril.com.br
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